Irmãs (",)

13.08.09

“Finalmente tenho tudo tratado em relação ao Erasmus. Até já tenho o bilhete de avião! Hoje tenho a certeza {ou quase} que daqui a um mês estarei a voar.
A minha bolsa foi atribuída, mas os serviços de alojamento souberam que eu ia de Erasmus e chamaram-me.
A Doutora Margarida falou comigo, e bastou-me dizer três frases muito rápido, com algum nervosismo à mistura, que logo ela me disse; “Hum está a custar-lhe cortar o cordão umbilical… Deixar a irmandade….”.
Falamos. Ouviram-se frases trémulas e viram-se olhos húmidos. Cheguei a ter que perguntar três vezes; “ O que tenho que escrever mesmo?”.

Sempre sonhei com Coimbra. Lembro-me de ser pequena {ainda mais} e ficar a ver a serenata nas notícias.

Sempre sonhei estar no meio daquelas capas pretas.

Sentir o seu peso nos meus ombros.
De que vale ter um sonho se não fizermos de tudo para que este se torne realidade?
E sabem..? Tornou-se.
Quando cheguei a Coimbra a Doutora Margarida disse-me:” Vá para a residência de São Salvador. É uma casa pequena, mas têm um ambiente familiar óptimo. É indicada para si.”.

E lá fui para uma casinha de madeira, uma casa que tinha a janela para um sonho. O sonho de uma menina com franja que quando se sentava no sofá ficava sem sentir o chão; a cabra, o Mondego, a Sé Velha, onde se realizam as serenatas desse sonho.

O mesmo local onde senti pela primeira vez em Maio de 2006 à meia-noite o peso da minha própria capa.
As irmãs.
Aprendi. Ensinei. Ri. Chorei. Bebi. Tive ressacas :p. Vivi. Senti. Senti tudo de uma forma intensa como já é próprio de mim. As coisas só acontecem uma vez e temos que as aproveitar!

Essa mesma forma que me faz ficar sem chão tantas vezes…
Depois de 30 min. de conversa, e de muitas imagens flash, assinei o “divorcio”.
Olhei para a Doutora Margarida, e sem conseguir controlar a voz trémula e o brilho dos meus olhos húmidos, disse-lhe: “Foi você que me trouxe para aqui, e é você que me vai ‘tirar’ daqui.”.
Fiquei sem chão.
Ela sorriu e disse “Não sou eu, é você que decide.” Pediu-me dois beijinhos e continuou: “ Chore e atire-se de cabeça.”.
Nem um grão de areia senti por debaixo dos meus pés.
Chorei.
Mas como a Francisca me disse; “Não te preocupes. Espera-te uma janela para um sonho que nunca sonhaste ter.”.
Vou sozinha para um local onde não conheço nada nem ninguém. Nem a própria língua. Mas sabem…? Eu sonhei com isso. E como tal tenho que partir para dar lugar a novas “aventuras” {não é Ló?}.
Apesar de me custar chegar, doer ainda mais partir, prefiro isso do que ficar no mesmo lugar.
Dói quando acaba, mas nada substitui o privilégio de sentir.”

O quê? Uma mensagem para as irmãs vinda da bota?

Sim, directamente da bota!!!

Ali vem ela!!!

Já a estou a ver!!!

Chegou!!

Que emoção!!!

Vamos entrar na dança irmãs!!!

Vá lá, não custa nada.

Uma música.
Um cheiro.
Um telhado.
Uma mensagem.
Uma fronha.
Um texto escrito em português.
Uma parola que é a palavra.
Um bar.
Algo para partilhar.

“O segredo é não pensar muito.”
Lembram-se?
Mas há pensamentos que são inevitáveis, e sabem… ainda bem.
Porque há pensamentos que nos fazem sorrir.
E a saudade só existe quando vale a pena.

Afecto

{Ok…hoje pode ser à vossa maneira… }

Mas se calhar a bola chega ai mais rápido :).