“Achas que eles vão fugir com a máquina?”,
“Não…mas se eles fugirem eu corro atrás deles! Sorri.”
Como não sou a única a ter o rabo virado para a lua, a Joana ficou na casa de umas amigas de umas amigas que tão cá de erasmus {eu bem digo que vivemos numa ervilha pessoal}, como as suas aulas ainda não tinham começado ela veio passar uns dias a Parma.
A Joana enviou esta foto aos pais, e perguntou ao pai quais eram as duas Albanesas, ele disse que eu era uma delas {supostamente eu não deveria parecer mais com uma italiana? :p}
Em vez de levar as pessoass a ver monumentos a primeira coisa que faço é ir-lhes mostrar a minha arvore favorita {gente estranha...}
{as belas das montras não podiam faltar!}
Pillota.
A Joana à procura de um livro que ensine os gestos que os Italianos fazem com as mãos :p.
A Xhoana albanesa e a Joana portuguesa J.
Joana;
“Sempre me encantaram as viagens. O paralelismo entre os passeios que se pisam por fora e os caminhos que simultaneamente se vão fazendo por dentro. Parma já conheces... as ruas, as praças, as estatuas. Podia transcrever um guia turístico, podia talvez copiar meia dúzia de postais. Podia ainda fazer um diário, com dias e horas, sobre o que fizemos, como o fizemos. Não vou fazer nada disso...
Deixo-te a viagem de dentro:
Respeito, ironicamente, o ingrediente desta viagem. E tu Nilce, que não esgotas os sonhos por mais horas que passem. Como és tão sã aí dentro? Como te espraias com tanta alegria, como é possível não explodir de admiração? Dás-me chapadões a cada segundo, despes-te de medos e rótulos e inexplicavelmente revejo-me na naturalidade com que te sentes, com que te vives, com que procuras a tua verdade. Encheste-me estes dias de lições, de histórias. E fui tão natural por ser tão fácil sê-lo contigo, por me teres entregue 10 canas de pesca e acho que o vou recordar para a vida. E sabes, espero nunca te ter faltado. Espero nunca faltar a quem quer que seja. E deste comboio quentinho trago descanso do corpo e da alma, trago vontade de ir por estas terras fora... levo o duomo em que me puseste em casa, o abraço Dele, a 1ª missa, a "Pelota", o Parco du Cale, o fiume Pó, aquele café. Mas levo sobretudo a promessa de manter abertos os olhos que me iluminaste da sorte que tenho, da força que devo ter, do fácil que é deixar-me levar pelo encanto da cidade e esperar que os passos me guiem até ao lugar em que a liberdade de fora me torna livre por dentro.
Obrigada.
P.S - e um obrigada especial à Xhoana e a Alma, que me trataram como uma irmazinha mais nova. Foi um prazer.”
Quem de vós nunca ouviu aquela voz que nos diz, ás vezes apenas com um único encontro, sem sabermos explicar porquê, que aquela pessoa é diferente?
E inexplicavelmente fui invadida pela vontade de te conhecer, como se de alguma forma algo me dissesse que eras importante para mim.
Chegas-te de mansinho, silenciosamente, com um sorriso malandro, e no bolso portavas a capacidade de me deixar sem palavras. Logo a mim, a Nilce que tem sempre algo a dizer, para contar.
Cada vez que atravessava a porta para uma reunião de Crisma tinha a sensação que era transportada para outro mundo, onde era mais fácil partilhar aquilo que guardo no bauzinho mesmo no fundo do meu ser. Reunião após reunião os laços foram-se criando, e como todos nós temos um baú, cada vez era mais difícil controlar a vontade súbita de bater palmas sempre que um terminava a sua partilha.
Houve laços que prevaleceram, e mais do que uma vez chegamos a expressar a vontade mútua de passear caminho fora juntas. De partilhar.
Como a vida dá voltas e voltas, dois anos depois somos presenteadas com esta viagem que se chama erasmus, num “mundo” em que, se tudo ao inicio era desconhecido, aos poucos e poucos vai-se tornando um pouco nosso também.
E é tão bom saber que basta uma hora para estarmos com aquela cara conhecida, que nos recebe de braços abertos e a sorrir, com quem podemos partilhar esta vontade de saborear cada momento desta experiencia única, que é a vida.
Aqui não existem portas a atravessar, nem fronteiras, tornando mais fácil percorrer os caminhos de dentro… até ao baú. Tão fácil que os escudos interiores são apanhados desprevenidos, mas em vez de ficar vulnerável, sinto-me estranhamente mais segura.
No outro bolso portas pozinhos de perlimpimpim, daqueles que nos aquecem por dentro, bastando um simples gesto, um olhar que diz mais que qualquer palavra. Que me transportam para um Porto Seguro onde me sinto tão confortável que por momentos é como se me transformasse numa bola de sabão, e pairo no ar. Leve, livre e cheia de cor.
Obrigada eu Joana, por me veres com esse olhar mágico que me transforma numa pessoa melhor, que me faz desejar ser melhor.
Obrigada pelas palavras. Pelo calor. Pelos laços que se tornam cada vez mais fortes.